Sonhei com você. Alias, não foi um sonho. Foi algo muito real.
Um sonho tão real que tenho ainda agora todos os detalhes bem vivos em meus olhos.
O sonho é algo que veio de mim, mas me parece, eu o sinto, tem algo a ver contigo também. Tua vida mesmo. Algo como um encontro astral. Ignoro se já fizestes projeção astral. È muito interessante e aprendemos muito com isso.
Minha vida foi como uma montanha russa em todos os sentidos. Aqueles grandes abismos e depois uma fase plana e daí sobe como uma mosca pela parede e lá em cima, despenca como uma pedra.
Você não sabe, eu sou um fetichista. Tenho grande impulso de vida com relação a certas coisas. Cores, perfumes, tecidos, sapatos femininos e o tato de alguns tecidos que cobrem um corpo de mulher.
Isso não é nada de mau. Mas, é muito excitante sim.
Assim, em minha vida toda, todos meus relacionamentos foram baseados nessas sensações. E você não sabe, mas tive muitas, mas muitas relações mesmo. Isso desde menino. Só parei foi aqui no Absurdistão, pois as mulheres via de regra são muito masculinas. E eu não gosto.
Tive sorte, muita mesmo. Venho de um tempo em que mulher era um ser feminino adorável. De fala delicada. Sempre perfumada. Vestida de forma a fazer um homem olhar para trás, não uma, mas varias vezes.
Nesse encontro astral de hoje, e durou muito tempo mesmo, tempo real.
Estive com você em um lugar que não consigo lembrar o nome, era um grande parque. Repleto de arvores antigas e enormes gramados. Havia um lago e pássaros aquáticos nele.
Eu estava lendo algo, sentado em um banco a sobra.
Súbito percebi pelo canto do olho que um vulto se aproximava. Era você.
Nenhum de nós dois tinha qualquer tipo de marca ou sinal de tempo. Éramos apenas você e eu. Teus cabelos brilhavam ao sol enquanto caminhavas.
Estavas toda de negro. Super linda mesmo. Um vestido Chanell, de seda, justo e muito brilhante.
Você tinha sandálias de longos saltos, também negras como eram tuas meias.
Você chegou-se a mim, me beijou a face e sentamo-nos lado a lado.
Teu perfume era Champs Ellysées. Maravilhoso!
Você estava mesmo linda, linda demais.
Falamos coisas comuns, falamos e rimos muito. Contamos coisas, passagens de nossas vidas. Rimos demais por minhas bobagens ao longo da vida.
Estávamos muito juntos e olhávamos profundamente em nossos olhos.
Trocávamos pequenas caricias.
Súbito você levantou-se, puxou tua saia um pouco para cima e sentou-se de frente para mim sobre minhas pernas perguntando:
- Sabe por que nos encontramos hoje?
E, você mesma respondeu: - Eu quero você.
Quero você todo.
Eu quero que você me queira também.
Foi como se um raio tivesse mudado tudo.
O parque já não era o parque, senão estávamos ambos em um local sem começo nem fim, algo como no céu, sem nuvens. Um espaço vazio e infinito, apenas você e eu.
Tudo o que podíamos ouvir eram nossas palavras e o pulsar de nossos corações e nossa respiração.
Nada mais. Imenso era ao silencio a nossa volta. Imenso e maravilhoso.
Ambos, éramos apenas desejo. Grande, imenso, infinito desejo.
Nos beijávamos, nos acariciávamos. Eu sentia o calor e o desejo em tua pele, assim como tu em mim.
Tua boca era quente, ávida e gulosa. Eu te beijava com paixão e enorme desejo.
Tocar teu corpo era como criar sons de uma musica somente para nós dois.
Te ajudei a abrir o zíper nas costas de teu vestido.
Você o tirou e pude ver como teu corpo era perfeito.
Tua roupa intima era também de seda negra.
Continuavas sentada sobre minhas pernas, e me apertavas o corpo com elas. Eu sentia o calor em teu corpo, em tua garganta, em teu peito, em tuas barriga e em tuas coxas.
Tu e eu trocávamos caricias intimas e a cada momento tínhamos mais e mais desejo em nós.
Sentada sobre meu membro, fostes lentamente introduzindo ele em ti.
Tu estavas úmida e como que fervendo.
Eu sentia como me apertavas dentro de teu corpo.
Quase não nos movíamos. Mas a cada segundo estava mais e mais louco por ti, por toda você. Tu me apertavas dentro de ti. Eu sentia o calor que me consumia. Nos beijávamos sofregamente. Eu sentia como se não fosse tua língua senão uma cálida serpente que adentrava meu corpo inteiro, pela boca. Eu fazia o mesmo contigo.
Nosso abraço era uma tentativa de adentrar um ao corpo do outro.
Eu pulsava em ti e sentia o calor, toda a umidade, e a força com que me tinhas em ti.
Nossos corpos foram se unindo celularmente.
Não éramos mais você ou eu. Teu, ou o meu corpo. Éramos um único corpo, que ia se manifestando à medida que nosso desejo era cada vez mais profundo e intenso. Não éramos o teu ou meu eu. Éramos um nós, único e atômico. O que nos unia era apenas o desejo de experiênciar o profundo e infinito desejo físico de nosso ali estar.
Assim, com a pressão que tu fazias ao manter-me dentro de ti. Com o sentimentos que explodiam a cada beijo mais e mais profundo, teu corpo era nosso corpo. Não havia mais o macho ou a fêmea. A que recebe. Ou o que penetra. Éramos apenas nós. Nem eu nem tu. Tudo era paixão. Um infinito desejo.
Assim, nos transformamos em uma esfera de pura e límpida luz que explodiu e se esparramou pelo universo, quando ambos gozamos. Não o teu ou o meu, senão nosso gozo. Continuo. Infinito. Como que perpetuo. Nessa explosão cósmica que nos levou em átomos por todo o universo, ficamos sendo um parte do outro. Por todo o sempre.
Ainda no sonho, fui desperto por algo que não sei o que tenha sido. Mas mesmo acordado podia ainda sentir, como até agora, o calor, o gosto de teu corpo. De tua boca. De cada pedacinho de teu corpo, cada centímetro dele. Maravilhoso poder ter você abraçada a mim. Você sobre mim. A umidade que me envolvia dentro de ti. Esse enorme oceano que nos banhou quando gozamos. Em minhas mãos ficou o tato de tua pele e da seda que te envolvia. O perfume continua a minha volta. E assim, tudo agora é apenas desejo. O mais puro e voraz desejo de poder estar dentro de ti. Beijar tua boca, beber de tua fonte, acariciar teus seios e todo teu corpo. Nada fica oculto. Nada fica intocado ou desconhecido. Entrar e sair, voltar a entra e sair e ficar quieto. Nem você nem eu nos movemos. Apenas nos percebemos um no outro e sentimos nosso infinito desejo. Perceber o pulsar de teu coração e tua respiração na seda que me envolve, teu corpo quente e úmido. Nada mais pode me atrair.
Nenhum pensamento ou desejo.
Nada tem a menor importância. Nada existe ou vale algo.
O que me move por essa manha de ventos fortes e nuvens cinzentas e a imensa vontade de ter você comigo. Sentir e deixar fluir esse enorme tesão que você me dá, pelo simples fato de existir. Poder me entregar e ser somente teu. Poder sentir tua vontade e o desejo que tens de ter-me dentro de ti. Profunda, loucamente. O imenso desejo que sinto de poder mordiscar teus lábios, tuas orelhas, teu pescoço teus seios, toda você. Te acariciar com minha língua e te levar a um explosivo gozo onde perceberas o quanto te quero. Meu desejo é ser teu, somente teu. Te trazer e levar a loucura do prazer absoluto. Quero que gozes em minhas mãos, na minha boca, em meu corpo inteiro. Quero que me dês de beber em tua fonte.
Quero te amar, viver e morrer por você.
Tudo isso é minha tortura. Por não poder ter-te agora, já. Para voltarmos a nos atomizar e explodir em miríades de átomos em nosso gozo universal.
Meu amor não tem tempo nem idade. Ele é como você e eu, cósmico. Eterno e vivo.
Não penso em você ou em mim. Sinto apenas o nós infinito.
Sinta meu desejo e carinho.
Agora os ruídos do dia e da vida me acordam em definitivo.
Uma velha senhora tosse. Uma criança chora e um cão ladra ao longe.
Um avião vai para o leste, talvez para a Turquia ou mais longe ainda.
O telefone toca e me lembra que devo fazer algo para o que marquei hora.
A vida passa a ser o que sempre é, monótona e continua em seu escorrer.
Banho-me, fiz a barba. Preparo meu café.
No ônibus quase vazio, sento-me do lado que brilha o sol. Tenho a testa encostada ao vidro. Com os olhos semicerrados lembro-me de algo difuso. Já distante.
Um sonho.
Sim sonhei com você.
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