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domingo, 9 de novembro de 2014

Sonho de verão

Sonhei com você. Alias, não foi um sonho. Foi algo muito real. 

Um sonho tão real que tenho ainda agora todos os detalhes bem vivos em meus olhos. 

O sonho é algo que veio de mim, mas me parece, eu o sinto, tem algo a ver contigo também. Tua vida mesmo. Algo como um encontro astral. Ignoro se já fizestes projeção astral. È muito interessante e aprendemos muito com isso. 

Minha vida foi como uma montanha russa em todos os sentidos. Aqueles grandes abismos e depois uma fase plana e daí sobe como uma mosca pela parede e lá em cima, despenca como uma pedra. 

Você não sabe, eu sou um fetichista. Tenho grande impulso de vida com relação a certas coisas. Cores, perfumes, tecidos, sapatos femininos e o tato de alguns tecidos que cobrem um corpo de mulher. 

Isso não é nada de mau. Mas, é muito excitante sim. 

Assim, em minha vida toda, todos meus relacionamentos foram baseados nessas sensações. E você não sabe, mas tive muitas, mas muitas relações mesmo. Isso desde menino. Só parei foi aqui no Absurdistão, pois as mulheres via de regra são muito masculinas. E eu não gosto. 

Tive sorte, muita mesmo. Venho de um tempo em que mulher era um ser feminino adorável. De fala delicada. Sempre perfumada. Vestida de forma a fazer um homem olhar para trás, não uma, mas varias vezes. 

Nesse encontro astral de hoje, e durou muito tempo mesmo, tempo real. 

Estive com você em um lugar que não consigo lembrar o nome, era um grande parque. Repleto de arvores antigas e enormes gramados. Havia um lago e pássaros aquáticos nele. 

Eu estava lendo algo, sentado em um banco a sobra. 

Súbito percebi pelo canto do olho que um vulto se aproximava. Era você. 

Nenhum de nós dois tinha qualquer tipo de marca ou sinal de tempo. Éramos apenas você e eu. Teus cabelos brilhavam ao sol enquanto caminhavas. 

Estavas toda de negro. Super linda mesmo. Um vestido Chanell, de seda, justo e muito brilhante. 

Você tinha sandálias de longos saltos, também negras como eram tuas meias. 

Você chegou-se a mim, me beijou a face e sentamo-nos lado a lado. 

Teu perfume era Champs Ellysées. Maravilhoso!

Você estava mesmo linda, linda demais. 

Falamos coisas comuns, falamos e rimos muito. Contamos coisas, passagens de nossas vidas. Rimos demais por minhas bobagens ao longo da vida. 

Estávamos muito juntos e olhávamos profundamente em nossos olhos. 

Trocávamos pequenas caricias. 

Súbito você levantou-se, puxou tua saia um pouco para cima e sentou-se de frente para mim sobre minhas pernas perguntando: 

- Sabe por que nos encontramos hoje? 

E, você mesma respondeu: - Eu quero você. 

Quero você todo. 

Eu quero que você me queira também. 

Foi como se um raio tivesse mudado tudo. 

O parque já não era o parque, senão estávamos ambos em um local sem começo nem fim, algo como no céu, sem nuvens. Um espaço vazio e infinito, apenas você e eu. 

Tudo o que podíamos ouvir eram nossas palavras e o pulsar de nossos corações e nossa respiração. 

Nada mais. Imenso era ao silencio a nossa volta. Imenso e maravilhoso. 

Ambos, éramos apenas desejo. Grande, imenso, infinito desejo. 

Nos beijávamos, nos acariciávamos. Eu sentia o calor e o desejo em tua pele, assim como tu em mim. 

Tua boca era quente, ávida e gulosa. Eu te beijava com paixão e enorme desejo.

Tocar teu corpo era como criar sons de uma musica somente para nós dois. 

Te ajudei a abrir o zíper nas costas de teu vestido. 

Você o tirou e pude ver como teu corpo era perfeito. 

Tua roupa intima era também de seda negra. 

Continuavas sentada sobre minhas pernas, e me apertavas o corpo com elas. Eu sentia o calor em teu corpo, em tua garganta, em teu peito, em tuas barriga e em tuas coxas. 

Tu e eu trocávamos caricias intimas e a cada momento tínhamos mais e mais desejo em nós. 

Sentada sobre meu membro, fostes lentamente introduzindo ele em ti. 

Tu estavas úmida e como que fervendo. 

Eu sentia como me apertavas dentro de teu corpo. 

Quase não nos movíamos. Mas a cada segundo estava mais e mais louco por ti, por toda você. Tu me apertavas dentro de ti. Eu sentia o calor que me consumia. Nos beijávamos sofregamente. Eu sentia como se não fosse tua língua senão uma cálida serpente que adentrava meu corpo inteiro, pela boca. Eu fazia o mesmo contigo. 

Nosso abraço era uma tentativa de adentrar um ao corpo do outro. 

Eu pulsava em ti e sentia o calor, toda a umidade, e a força com que me tinhas em ti. 

Nossos corpos foram se unindo celularmente. 

Não éramos mais você ou eu. Teu, ou o meu corpo. Éramos um único corpo, que ia se manifestando à medida que nosso desejo era cada vez mais profundo e intenso. Não éramos o teu ou meu eu. Éramos um nós, único e atômico. O que nos unia era apenas o desejo de experiênciar o profundo e infinito desejo físico de nosso ali estar. 

Assim, com a pressão que tu fazias ao manter-me dentro de ti. Com o sentimentos que explodiam a cada beijo mais e mais profundo, teu corpo era nosso corpo. Não havia mais o macho ou a fêmea. A que recebe. Ou o que penetra. Éramos apenas nós. Nem eu nem tu. Tudo era paixão. Um infinito desejo. 

Assim, nos transformamos em uma esfera de pura e límpida luz que explodiu e se esparramou pelo universo, quando ambos gozamos. Não o teu ou o meu, senão nosso gozo. Continuo. Infinito. Como que perpetuo. Nessa explosão cósmica que nos levou em átomos por todo o universo, ficamos sendo um parte do outro. Por todo o sempre. 

Ainda no sonho, fui desperto por algo que não sei o que tenha sido. Mas mesmo acordado podia ainda sentir, como até agora, o calor, o gosto de teu corpo. De tua boca. De cada pedacinho de teu corpo, cada centímetro dele. Maravilhoso poder ter você abraçada a mim. Você sobre mim. A umidade que me envolvia dentro de ti. Esse enorme oceano que nos banhou quando gozamos. Em minhas mãos ficou o tato de tua pele e da seda que te envolvia. O perfume continua a minha volta. E assim, tudo agora é apenas desejo. O mais puro e voraz desejo de poder estar dentro de ti. Beijar tua boca, beber de tua fonte, acariciar teus seios e todo teu corpo. Nada fica oculto. Nada fica intocado ou desconhecido. Entrar e sair, voltar a entra e sair e ficar quieto. Nem você nem eu nos movemos. Apenas nos percebemos um no outro e sentimos nosso infinito desejo. Perceber o pulsar de teu coração e tua respiração na seda que me envolve, teu corpo quente e úmido. Nada mais pode me atrair. 

Nenhum pensamento ou desejo. 

Nada tem a menor importância. Nada existe ou vale algo. 

O que me move por essa manha de ventos fortes e nuvens cinzentas e a imensa vontade de ter você comigo. Sentir e deixar fluir esse enorme tesão que você me dá, pelo simples fato de existir. Poder me entregar e ser somente teu. Poder sentir tua vontade e o desejo que tens de ter-me dentro de ti. Profunda, loucamente. O imenso desejo que sinto de poder mordiscar teus lábios, tuas orelhas, teu pescoço teus seios, toda você. Te acariciar com minha língua e te levar a um explosivo gozo onde perceberas o quanto te quero. Meu desejo é ser teu, somente teu. Te trazer e levar a loucura do prazer absoluto. Quero que gozes em minhas mãos, na minha boca, em meu corpo inteiro. Quero que me dês de beber em tua fonte. 

Quero te amar, viver e morrer por você. 

Tudo isso é minha tortura. Por não poder ter-te agora, já. Para voltarmos a nos atomizar e explodir em miríades de átomos em nosso gozo universal. 

Meu amor não tem tempo nem idade. Ele é como você e eu, cósmico. Eterno e vivo. 

Não penso em você ou em mim. Sinto apenas o nós infinito. 

Sinta meu desejo e carinho. 

Agora os ruídos do dia e da vida me acordam em definitivo.

Uma velha senhora tosse. Uma criança chora e um cão ladra ao longe.

Um avião vai para o leste, talvez para a Turquia ou mais longe ainda. 

O telefone toca e me lembra que devo fazer algo para o que marquei hora. 

A vida passa a ser o que sempre é, monótona e continua em seu escorrer. 

Banho-me, fiz a barba. Preparo meu café.

No ônibus quase vazio, sento-me do lado que brilha o sol. Tenho a testa encostada ao vidro. Com os olhos semicerrados lembro-me de algo difuso. Já distante. 

Um sonho.

Sim sonhei com você.


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